quinta-feira, 10 de maio de 2012

PINTEREST É COISA DE MENINA?

Pinterest é uma rede social de compartilhamento de fotos. Foi lançado em março de 2010, mas bombou pra valer no começo deste ano. E logo de cara, um dado impressionou os analistas das redes sociais: em fevereiro, 97% dos americanos que usavam o site eram mulheres. Mas as redes sociais não costumam ser igualitárias em termos de gênero? Muitas delas são. No Facebook, nós representamos 57% dos acessos, e no Twitter somos 59% do público. Por que então o Pinterest parece “coisa de menininha”?

No Slate, Farhad Manjoo resumiu a questão de uma forma bem simples. “Cupacakes, botas e Jake Gyllenhaal sem camisa. Se você gosta dessas coisas, deveria estar no Pinterest”. A ideia por trás do artigo de Manjoo tem um pé na realidade, pois a maioria das imagens compartilhadas na nova rede são fotos de moda ou design de interiores. Mas isso não quer dizer que o Pinterest é voltado apenas para “coisas de meninas”.
Os tons pastéis, fotos de vestidos de noivas e de receitas podem assustar alguns homens na primeira espiada na rede. A impressão inicial de que o Pinterest é um clube da Luluzinha assustador e ameaçador acabou motivando a criação do Manteresting, uma rede social de compartilhamento de imagens de macho. (Não acredita? Juro que existe! Olha aqui) Lá, podemos ver muitas fotos de carros, mulheres de biquínis e gadgets, embora eu tenha achado uma foto fofa de um filhote de gato (rá!).
Mas será que é necessário mesmo segregar as redes sociais e estereotipá-las como “de menina” e “de menino”? Eu acho que não. Essa ideia é propagada principalmente por quem acredita que coisas como moda e design são fúteis. A rede social já mostrou que é muito mais do que um conglomerado de fotos de cachorrinhos e unicórnios. Os pins motivam atualmente 10% das compras online nos Estados Unidos, enquanto os posts do Facebook correspondem a 7%. Sua importância para o marketing digital é inegável.
Minha experiência com o Pinterest começou devido a um hobby meio feminino, é verdade. Gosto de blogs de decoração, e vi na rede social uma boa chance de compartilhar imagens e ter acesso a novos sites sobre o assunto. De quebra, ainda vejo algumas fotos do Ryan Gosling pra animar o meu dia. Mas basta fazer uma busca simples na rede social pra achar diversas “boards” (as pastas de fotos) voltadas para temas mais masculinos ou até mesmo machistas. Exemplos são o “coisas que a minha mulher deveria cozinhar”, com fotos de comidas, e “coisas que a minha mulher deveria vestir”, com fotos de roupas sexy. Também existem fotos de arquitetura, obras de arte, fotografias em preto e branco e outros tópicos que são de interesse unissex, acredito eu.
Um porta-voz do Pinterest disse para o Salon que embora as pessoas que inicialmente descobriram a rede social fossem mulheres que postavam seus passatempos, o ato de colecionar é um comportamento universal. Acho que isso é verdade. E aposto que com o tempo, a página inicial do Pinterest se tornará mais equilibrada. Até lá, o importante é não criarmos generalizações rasas, nem reproduzirmos comportamentos sexistas online. Cada um tem seus gostos e preferências, e o Pinterest é um lugar legal para trocar imagens e informações sobre eles. Simples assim. Pra quê complicar?

Margarida Telles é repórter de ÉPOCA em São Paulo.


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